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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Discutindo nossas carreiras: artigo da professora Lícia Cristina!


As políticas focais como estratégia de intensificação e precarização do trabalho nos Institutos Federais

 

Lícia Cristina Araújo da Hora

 

 

Ofertas formativas diferenciadas para os novos desvalidos da sorte do século XXI

 

A marca da visão produtivista da educação, dualista e fragmentária, atravessou o século XIX no Brasil e chega à segunda década do século XXI sob a roupagem da democratização do acesso a rede federal de educação profissional, técnica e tecnológica por meio de uma multiplicidade de ofertas educativas em diferentes formatos e níveis de qualidades educacionais. A atuação das políticas públicas, conjugadas dentro da compreensão de Mead (1995) significa uma ação focal de um governo que irá produzir um efeito específico. A partir desta concepção, sem aprofundar o debate mais amplo sobre o que significa políticas públicas, é possível realizar a analogia de que as atuais ações educacionais para formação profissional da classe trabalhadora possui em seu bojo um caráter assistencialista da educação profissional que nos remete do ponto de vista histórico ao atendimento dos meninos pobres e desvalidos da sorte do Brasil no início do século XIX, traduzindo para o cenário atual, podemos conjecturar que as atuais políticas de qualificação profissional reatualizam ações focais para os novos desvalidos da sorte do século XXI (RUMMERT, 2005).

 Segundo Rummert, Algebaile e Ventura (2012) a variação de ofertas educacionais em formas desiguais e combinadas produz uma miríade de ofertas de elevação de escolaridade/formação profissional/certificação que fortalecem as ações da pedagogia do capital-imperialismo por meio da “fantasia de que a efetiva democracia chegou à educação escolar”. Caracterizadas e divididas entre os mais diversos programas, sejam de qualificação/escolarização social, a diversidade de ofertas formativas produz vias subordinadas de acesso à escola conforme as classes sociais.

A marca fundamental da dualidade estrutural de novo tipo é a produção de uma multiplicidade de oportunidades formativas, porém de forma subordinada, garantindo o acesso pelos fundos a um tipo de ensino aos trabalhadores, e o acesso pela frente ao ensino socialmente referenciado a um público distinto de aluno.

Para as autoras a dualidade estrutural de novo tipo organiza-se em três grandes grupos que compõem uma variada forma de oferta educacional, da qual se destaca: o 1º grupo diz respeito a programas dirigidos à ampliação do ingresso, reinserção, permanência e conclusão da escolarização regular obrigatória; o 2º conjunto de programas refere-se a cursos e programas dirigidos à ampliação da escolaridade de jovens e adultos e; finalmente o 3º agrupamento é constituído por programas de financiamento educacional que vem influenciando significativamente na expansão de vagas e na multiplicidade de vias formativas no Ensino Médio, na educação profissional e no Ensino Superior. Esta análise encontra-se exposta no quadro a seguir em que se expressa a diversidade de ofertas formativas do Instituto Federal do Maranhão:

 

Quadro 1 - Diversidade de ofertas formativas para os trabalhadores no IFMA

 

PROGRAMAS
PARCERIAS[1]
PÚBLICO ALVO
Mulheres Mil
SETEC/MEC,IFs, Canadá
Mulheres de baixa renda, vulneráveis socialmente e de baixo nível de escolaridade; moradoras de comunidades integrantes dos Territórios da Cidadania e/ou com baixo índice de desenvolvimento humano.
PFRH
Petrobrás
Jovens e adultos para atuarem na Indústria de Petróleo, Gás, Energia e Biocombustível.
PFP
Vale
Jovens e adultos que procuram carreira técnica e desejam trabalhar nas áreas operacionais.
PROMIMP
Petrobrás
 
PRONATEC
MEC, Ifs
Jovens e adultos entre 16 e 59 anos cadastrados em situação de extrema pobreza ou beneficiários do Bolsa Família e do BPC[2].
 
PROCAMPO
SECADI/MEC
Educadores que atuam na educação básica do campo e que não possuem formação de nível superior em Licenciatura Plena.
 
Programa Saberes da Terra – Brasil Alfabetizado
SECADI/MEC
Educadores de educação básica; educadores de qualificação profissional
PROEJA
SETEC/MEC
Egressos do ensino fundamental.
PROEJA – FIC
SETEC/MEC
Egressos do Sistema Prisional de São Luís-MA
Projeto de Formação Continuada PROJOVEM Campo/Saberes da Terra
SECADI/MEC
Educadores de educação básica; educadores de qualificação coordenadores de turma que atuarão no Projovem Campo no estado do Maranhão.
E-TEC Brasil
SETEC/MEC
Egressos do ensino fundamental.
UAB
SESU/MEC
Egresso do ensino médio.
PARFOR
CAPES/SEDUC
Professores em exercício das escolas públicas estaduais e municipais sem formação adequada.

Fonte: Pró-Reitoria de Ensino (PROEN) e Pró-Reitoria de extensão (PROEX) do IFMA. Quadro elaborado pela autora.

                 

O IFMA possui treze programas que atendem às mais diferentes classes sociais, a qualidade do ensino se diferencia conforme a forma de oferta. A realidade expressa de modo pontual no estado do Maranhão, expõe o modelo em curso de expansão para todos os Institutos Federais. Os programas focais buscam fundamentalmente atender a jovens e adultos trabalhadores que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Sob a promessa de progresso econômico, desenvolvimento local, melhoraria da qualidade de vida, obtenção de emprego, as ofertas educacionais produzem uma ideologização da educação que busca obter “o consentimento ativo dos governados” (GRAMSCI, 1995), com vistas a obter o controle social e ideológico e o abrandamento de conflitos sociais daqueles mais destituídos de direitos  humanos.

Os programas mapeados no IFMA, em sua maioria presente em todos os Institutos Federais, revelam a face evidente da barbárie. Vários programas direcionam-se para grupos de baixa renda, vulneráveis socialmente, em situação de pobreza extrema e beneficiários da bolsa-família. O PRONATEC é o mais novo programa desta miríade de ofertas, implicando entre inúmeras outras questões: no financiamento público da oferta privada de educação profissional por meio da parceria com o Sistema S e outras organizações privadas; intensificação, precarização, fragmentação do trabalho, e privatização dos profissionais da rede federal de ensino, com concessão de bolsas para adicional de seus salários, desviando o debate sobre a qualidade carreira docente para o debate da ‘compensação da luta individual no atual cenário de precarização da carreira docente’.

Esse conjunto de programas que instituem a dualidade estrutural de novo tipo, compõe, conforme destaca Netto (2010), uma face contemporânea da barbárie e se expressa exatamente no trato que, nas políticas sociais nos oito anos do governo Luís Inácio Lula da Silva conferiu à questão social. Netto (2010) destaca que para o pensamento conservador a questão social possui características inelimináveis e se torna uma ação moralizadora que no máximo pode ser objeto de uma intervenção política limitada. Fontes (2012) chamou estas intervenções políticas limitadas de políticas de alívio por gotejamento.

O avanço do capital internacional no Maranhão “favorece expansão das políticas de alívio por gotejamento” (FONTES, 2012), neste conjunto, integra-se a diversidade de ofertas formativas do IFMA na região dos Carajás, cujas pressões e conflitos sociais, buscam ser atenuados pela disseminação da política de conta-gotas.

O governo Luís Inácio Lula da Silva apresenta como marca do governo a multiplicação de programas que se entrelaçam, estabelecendo dependência entre si, garantindo com efetividade o controle dos trabalhadores nas mais variadas frentes de políticas focalizadas (saúde, habitação, renda, moradia e educação). As políticas focais alastraram-se no âmbito dos Institutos Federais, conjugando para seu interior o papel de: integração social, empregabilidade e assistencialismo. As políticas focais e os programas de qualificação profissional pela via das trajetórias subordinadas induzem o consenso ativo dos governados, exigência da governabilidade do capital financeiro.

Os trabalhadores dos Institutos Federais e da rede federal de modo articulado vivenciam a atual morfologia do trabalho em quadro cada vez mais complexo e híbrido, aprofundando o quadro precário: pouca estabilidade, futuro incerto, frágil, débil, substituição do modelo burocrático pelo modelo gerencial. As relações sociais que pautam as relações de trabalho são acometidas pela hipertrofia do individualismo, acirramento da competição e imperativo tecnológico.

O cenário vivido pelos trabalhadores dos Institutos Federais, pautado na ditadura do paradigma Educação, Ciência, Tecnologia, uma perspectiva de educação tecnológica que engendra um discurso fantasioso de para uma nova institucionalidade política que tem como paradigma do trabalho nos Institutos Federais a plena indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Para Silveira (2007a, p.49), a concepção de educação em torno da expressão educação tecnológica, a partir de relações históricas, “revela uma educação atrelada ao desenvolvimento econômico, em geral, e ao processo de modernização, em particular, do país, de maneira a atender às bruscas mudanças engendradas pelo modo de produção capitalista, deste modo a técnica, a ciência e a tecnologia não são tomadas como resultado do trabalho humano para o consumo coletivo ou como bem social, mas, sim, para a produção de lucro a serviço do capital”.

A nova institucionalidade política tem como um de seus principais alvos, os professores, contudo não se pode perder de vista como esta nova constitucionalidade alcança o trabalho desenvolvido pelos técnicos em educação. Contudo, é principalmente sobre os professores que recai a tarefa “milagrosa” de atingir o pacote de metas do MEC para a rede federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Assim citamos: meta de expansão de matrículas nos mais diferentes níveis e modalidades, meta de produção científica, meta de projetos de extensão, meta de captação de recursos, além da acirrada cultura competitiva que se instalou na rede entre docentes e técnicos em educação. No bojo do discurso competitivo está evidenciada a necessidade urgente de: construirmos boas experiências para divulgá-las em eventos nacionais, disputar editais para estruturar laboratórios, patentear pesquisas e avançar na produção em caráter de inovação tecnológica, apresentar as melhores notas do ENEM, ganhar prêmios em agências de fomento.

Uma das faces perversas da cultura competitiva inclui ainda a importância de ocuparmos o ranking dos melhores, ainda que as condições estruturais para organização do trabalho pedagógico concorram para nos colocarem no mesmo ranking de um amplo cenário de precarização e intensificação configurada na nova morfologia do trabalho na rede federal.

Outra face perversa da cultura competitiva refere-se ao processo de objetificação do trabalho dos profissionais  no âmbito da escola, com destaque ao trabalho docente. Para Mancebo (2010) [...] presenciamos a convocação irrestrita da subjetividade do trabalhador para o centro dos processos de trabalho, não raramente com aumento do sofrimento subjetivo, neutralização da mobilização coletiva e aprofundamento do individualismo. Nas escolas, é gerada uma "sociedade da urgência", que força o incremento das tarefas, a instalação de horários atípicos, a aceleração no desempenho das atividades e que afeta em cheio a produção docente, sua subjetividade e saúde.

A lógica de educação exposto no âmbito da expansão da educação profissional evidencia que o  mais importante do que formar o trabalhador é certificá-lo com a marca de excelência federal pautada na Educação, Ciência, Tecnologia e Cultura. Não importa no processo de expansão que a oferta atenda às demandas imediatas dos trabalhadores, isto é, que possibilite o acesso ao conhecimento científico e tecnológico à cultura elaborada historicamente pela humanidade, tampouco que as ofertas atendam aos Arranjos Produtivos Locais na lógica concebida no âmbito do trabalho associado das classes mais empobrecidas.

 




[1] Siglas da coluna parcerias: Centros de Capacitação Tecnológica do Maranhão (CETECMAs); Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI); Secretaria de Educação Superior (SESU); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Secretaria de Estado de Educação do Maranhão (SEDUC).
[2] BPC – Benefício de Prestação Continuada.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Na semana que atacam o direito de greve, poesia e homenagem para estimular a luta!

Na segunda-feira desta semana, dia 16, o Superior Tribunal de Justiça declarou, por meio de uma liminar, a ilegalidade da greve, evocando um acordo que teria sido assinado por um sindicato criado pelo governo para atrapalhar a luta dos trabalhadores e que, claro, não nos representa (veja mais aqui)!

E os ataques do governo - estes sim, terroristas - e do aparelho de Estado contra a greve dos servidores públicos, a quem não se faz justiça e não se cumpre a Constituição, que determina data-base para o funcionalismo, não param: na área da cultura, o governo federal determinou o corte de ponto dos grevistas (aqui).

Mas não nos calarão! Tanto que nos institutos federais e na Cultura a greve é mantida!
Um exemplo disso foi a união da classe trabalhadora, que no dia de início da Copa fez uma belíssima passeata, reunindo nossa base do Campus Monte Castelo, Campus Maracanã, Alcântara, docentes municipais de São Luís e de São José de Ribamar em greve, urbanitários e outras categorias, denunciando as violações da Copa e a desvalorização do serviço público.

Esta semana, como atividade de greve, também discutimos esses ataques na concentração, no Campus Monte Castelo.

Semana passada, discutimos com representantes do Campus a pauta específica das condições de trabalho e reivindicamos que não haja perseguições por exercermos nosso legítimo direito em nome da coletividade. Foi um debate altamente qualificado!

E não pararemos!
E não estamos sós!
Prova disso são os poemas que  o estudante Gustavo Oliveira, do IFMA Monte Castelo, encaminhou aos professores e técnicos, como mostra de que, mesmo com toda a pressão pelo que passam nossos estudantes, a lição da luta, junto aos mestres, vem sendo aprendida!

Acompanhemos estes preciosos registros, nos poemas "Idiota com orgulho" e "Viva a hipocrisia":


                                Idiota com orgulho


 

Já chegou a hora

De acabar com tudo isso

Todos devemos protestar

E fazer o que é preciso

 

O governo não se importa

Com a sua situação

Mesmo assim você não percebe

Porque não dá atenção

 

Seu egoísmo fala mais alto

Sua ignorância é o seu valor

Mente fraca, idiotice ingênua

São os valores de um perdedor

 

“Estou feliz demais

Tenho meus problemas para me importar

Sei que tem gente sofrendo

Mas não tenho porque lutar”

 

“Minha vida está perfeita

Então Porque eu vou protestar?

Deus já me deu tudo

Que se dane esse lugar”

 

Largue essa hipocrisia

Em nome do Deus que você diz

Você acordar pra vida

Era tudo que eu sempre quis

 

E por falar em Deus

Você acha certo crer nele

Mas quanto aos ensinamentos de Jesus

Nem sequer segue o exemplo dele

 

Eu digo isso a todos

Larguem essa hipocrisia

Porque a hipocrisia é o motivo

De tanta gente fazer o que não devia

 

Você acha certo ir pra igreja

E orar por quem ta sofrendo

Mas ajudar ninguém quer

Como se Deus não estivesse vendo

 

A verdade é que há algo errado

Comigo e com você

Pois se unirmos nossa força

Com certeza vamos vencer

 

Mude Sua forma de pensar

E pense de forma diferente

Pensar diferente é preciso

Pois o pensamento move a gente

 

Não seja um idiota

Não tenha Orgulho de ser assim

Pois chegou a hora

Dessa hipocrisia dar um fim

 

Meu amigo você não está só

Há uma minoria com você

Não desista de lutar

Pois a vitoria nós vamos ter

 

Era só o que eu queria falar

E espero você entender

Pois mudar sua forma de pensar

Você ainda pode fazer.

 




 

                                                   Viva a hipocrisia

 
É engraçado como a sociedade
Se mantém alheia ao seu redor
Porque elas são egoístas
E já nem sei o que é pior
 
Se é essa hipocrisia que toma conta
Ou quem pensa e não faz nada
Porque de que adianta pensar
Se você não muda essa sociedade alienada
 
Infectada pela hipocrisia
Pela mentira e Individualismo
Onde todos pensam em se dar bem
Onde só há preconceito e racismo
 
A verdade é que há algo errado
Com o mundo em que vivemos
Não é a falta de informação
Pois mesmo assim nada fazemos
 
Todos falam de amor
E dizem que dele vem a verdade
Mas basta você analisar
A periferia das cidades
 
Nossos irmãos estão morrendo
Sofrendo para conseguir o pão
Não são filhos do padeiro
Então precisam do dinheiro
 
Se você fala de amor
Porque não ajuda ninguém?
Ah já sei por quê
Porque você tudo já tem
 
E o pior de tudo
É que quase todos são iguais
Educação e o conhecimento
Inicia-se lá com os pais
 
Eles devem com a escola
Mostrar seu papel na sociedade
Pois ter amor com o próximo
Deve existir em qualquer idade
 
Você não é novo demais
Para pensar no seu Brasil
Pois ele é nossa pátria
Mas cheia de roubos e preconceito vil
 
Escolas estão se acabando
Casas estão caindo
Enquanto as crianças mendigam nos sinais
O governo fica simplesmente rindo
 
Não sinta medo do governo
Pois ele é que tem medo na verdade
De você um dia perceber
O idiota que você é na sociedade
 
Meu amigo, não se acovarde
Lute pelo que é seu
Pois o poder de pensar
É algo que Deus lhe deu.
***
Vamos à luta!
Nossos agradecimentos, Gustavo!


 





quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sinasefe Monte Castelo confirmado no Ato "Na Copa Vai Ter Luta" nesta 5ª, Centro de S.Luís!

 

Movimentos sociais e trabalhadores em greve realizam ato “Na Copa Vai Ter Luta” nesta quinta-feira, dia de início da Copa, em São Luís



Doze entidades já estão confirmadas no ato em São Luís, que acontece simultâneo a outros realizados em todo o país neste dia de abertura do mundial

A Central Sindical e Popular, CSP Conlutas, Sindicatos de trabalhadores em greve como Sinasefe Monte Castelo e Sinasefe Maracanã, além de outros em processo de mobilização, como Sintrajufe Maranhão, e movimentos sociais como Quilombo Urbano, Luta Popular e outras entidades realizam nesta quinta-feira, a partir das 7h da manhã, em frente à Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís, o ato “Na Copa Vai Ter Luta”, que marca as reivindicações populares disparadas desde junho do ano passado.

Entre as principais reivindicações, o fim da violência e da criminalização das lutas populares, mais verbas para saúde, educação, serviço público, moradia, transporte, e reforma agrária.

A questão do transporte como um dos principais itens da pauta ganhou reforço após o aumento concedido pela Prefeitura de São Luís, atendendo aos empresários em detrimento tanto da população quanto da própria palavra do prefeito, que havia anunciado que não reajustaria. Em reunião com vereadores, a prefeitura “fechou” posição em torno do assunto, alegando dificuldades dos empresários, sem que estes prestem contas à população sobre a real situação dos transportes, e sem que se invista em transporte efetivamente público.

A situação política do Maranhão, com apatia do governo em relação às demandas efetivas da população, com a crise carcerária e de direitos humanos no estado, com recursos e terras drenadas para grandes empresas, em detrimento das populações tradicionais e camponesas, também ganha destaque.

Como não podia deixar de ser, o alto investimento (bilionário) na estrutura da Copa também será denunciado, a exemplo dos demais atos em nível nacional. No Maranhão, a questão se repete, com grandes espetáculos patrocinados pelo governo do estado (que não diz quanto investe nesse circo) em detrimento da cultura popular.

Já confirmaram presença militantes dos seguintes movimentos e sindicatos: CSP Conlutas, Apruma, Sindicato dos Bancários, Sintrajufe, Sinasefe Monte Castelo, Sinasefe Maracanã, Anel, Quilombo Urbano, Luta Popular, Quilombo Raça e Classe, Movimento Mulheres em Luta e DCE-UFMA
Vamos demonstrar nossa indignação e unificar nossa luta contra estes ataques!”, conclamam as entidades que organizam a manifestação, com que tem início a partir das 7h da manhã no Centro de São Luís.

E NESTA QUARTA:

Teremos, como atividade de greve, debate sobre as condições em nosso Campus! Todos estão convidados!
Presenças da Diretora do IFMA Campus Monte Castelo, do Prefeito do IFMA Monte Castelo, da Administradora do IFMA Monte Castelo, do Diretor da DETEC, do Diretor da DESU.

Hora: 15h

Local: Área de vivência do IFMA Monte Castelo
 
 TODOS LÁ!!!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Em primeira mão! Informativo do Sinasefe Seção Monte Castelo, de São Luís do Maranhão!

Disponível aqui o Informativo Número 2 do Sinasefe Seção Monte Castelo, que começa a ser distribuído na próxima segunda-feira na concentração da greve, no Campus.

Nesta edição, nossas razões da greve, os 10% do PIB para Educação, o Seminário Carajás 30 Anos, a força dos alunos que se juntaram aos professores em defesa de um Instituto Forte, que cumpra sua finalidade com dignidade, oferecendo educação pública com qualidade. Confira! Só clicar na imagem!

Confira!


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Autonomia e participação política

 
Autonomia e participação política
 
Jorge Leão
Professor de Filosofia do IFMA – Campus Monte Castelo


A participação na vida política não é possível sem a atuação consciente de sujeitos autônomos. Em todo o processo participativo é imprescindível a existência do ser livre, como mola propulsora da vida em comunidade.
Todavia, com o individualismo apregoado pelo mecanismo ideológico do capital, a tática é esvaziar o quanto antes o conceito de “espaço público”. Observa-se atualmente as inúmeras desmobilizações que o sistema de controle impõe à vida política. Quanto mais enfraquecido estiver o espírito de pertença à coisa pública, tanto melhor para a ideologia dominante.
Igrejas, sindicatos, partidos, grêmios estudantis são atacados frequentemente pelo mecanismo de controle para difundirem o “salve-se quem puder”. Quem for mais esperto ganha a guerra. Quem aceitar calado a exploração garante o “bom viver” dentro das instituições. É essa a estratégia, que funciona e amedronta, quem costuma viver alheio à participação em comunidade.
Como esta manobra sobrevive? Simples: ameaçando a mobilização conjunta. Em resumo, o alimento do mecanismo implica em usar a máquina de controle para garantir a atuação de medo e subserviência destes espaços, atualmente, em sua grande maioria, manobrados pelo mecanismo da força e da alienação da vida política.
Como elemento de contra-força, quem participa da vida política assume a condição da liberdade dentro do espaço público. É este o momento legítimo da práxis política. Do contrário, o conceito de participação perde sua autonomia. Desse modo, quando é dito, por exemplo, “você é livre para escolher”, e não age de modo a garantir a participação consciente do outro, então é falacioso proclamar o direito à participação.
Em tempos de exacerbado individualismo, em que cada um assume para si o que considera mais oportuno no momento, a herança da polis como tarefa humana básica vai sendo minada. O que rege o modo de atuar no mundo das relações descartáveis é o uso do outro como objeto. Aí acontece o processo de falência do conceito de comunidade.
Ser autônomo, por consequência, não é alimentar o atomismo político, como se vê atualmente. Ao contrário, a autonomia nos lança para o universo da polis, isto é, com a adesão no processo de construção coletiva, todos respondem pelo destino da coisa pública, uma vez que assumiram, pelo uso da liberdade, o fortalecimento do pertencimento ao espaço legítimo da comunidade.
Quando se nega o outro enquanto ser autônomo, nega-se também o direito de pensar a liberdade como fundamento da vida política. Entra em cena então a heteronomia, isto é, postula-se que o outro não é capaz de pensar o destino da polis em comunidade. Os sistemas totalitários funcionam a partir deste mecanismo de negação da autonomia. É mais fácil manipular quem se encontra acuado pelo medo ou pela ignorância.
Além da reflexão sobre o momento de esvaziamento em que se encontra a coisa pública, outro ponto é trazido para o ponto de crise, que é: “que herança deixaremos para as futuras gerações?”...
Enquanto se alimenta a ideia de que “cada um por si e Deus por todos” irá resolver nossos problemas comuns, mais e mais o dia a dia de miséria e violência que nos deparamos ao sairmos de casa ganha acento em nossas discussões, sem que com isso assumamos nossa responsabilidade pelo que é visto, e depois, quase que de modo automático, esquecido.

sábado, 17 de maio de 2014

A greve só cresce! IFMA Monte Castelo há uma semana parado

 Veja também: "Carta Aos Pais", na qual os servidores do IFMA Monte Castelo explicam porquê da greve

Campus Monte Castelo já está há uma semana parado, na greve que reivindica nossa pauta geral (data-base, cumprimento, por parte do Governo, dos acordos firmados, entre outros) do serviço público e nossos itens específicos (como não ao controle de ponto de docentes e técnicos como forma de pressão, RSC que contemple aposentados, entre outros).

Agora, são sete campi no Maranhão em greve no IFMA: Monte Castelo, Maracanã, Alcântara, Caxias, Bacabal, Codó e São Raimundo das Mangabeiras.

Judiciário Federal, MPU e UFMA também caminham para a greve, com paralisações esta semana, na quarta-feira, dia 21 de maio.

Nesse mesmo dia, aguardamos o reitor do IFMA em nossa greve, para dar respostas aos problemas apontados em nosso primeiro jornal, lançado mês passado (gastos com aluguel de instalações versus terrenos de propriedade do IFMA sem obras previstas, prédio anexo há SETE ANOS em construção, falência da Funcema e doações de empresas privadas à Fundação, entre outros (veja publicação completa AQUI).

O quadro que nos está dado é do fortalecimento e da unificação das lutas, pois é assim que historicamente avançamos contra os ataques dos governos e na manutenção de nossos direitos!




Confira:

Serviço público caminha para greve geral 
*        No Maranhão, já são 7 campi do IFMA em greve (Monte Castelo, Maracanã, Bacabal, Caxias, Codó, São Raimundo das Mangabeiras e Alcântara); 
*        Na próxima quarta-feira, 21 de maio, Judiciário Federal e MPU anunciam “Apagão de 24 horas” em órgãos das justiças do Trabalho, Eleitoral e Federal, com assembleia ao final e que pode levar a greve por tempo indeterminado; 
*        Na UFMA, técnicos mantém greve, e docentes também paralisam atividades na quarta-feira, 21, e já tem indicativo de greve para início de junho. 
*        Na última sexta-feira, 16 de maio, professores do município deflagraram greve
*         
O clima de mobilizações vivido no Brasil desde junho do ano passado, com questionamento aos governantes, à qualidade da prestação do serviço público e aos gastos com grandes eventos como a Copa do Mundo, chegou de vez aos servidores, com greves em vários setores do funcionalismo.
No Maranhão, o Sinasefe e suas seções sindicais deflagraram processo de paralisação em diversos campi do IFMA (Instituto Federal do Maranhão), com as aulas paralisadas em dois campi na capital (Maracanã e Monte Castelo) e em mais cinco cidades (Alcântara, Codó, São Raimundo das Mangabeiras, Caxias e Bacabal). Segundo o professor Pedro Ribeiro, coordenador do Sinasefe Monte Castelo, as aulas estão paralisadas desde que a greve começou nessa unidade do IFMA, na última segunda-feira, 12 de maio. Durante a Assembleia Geral no Monte Castelo, realizada pelo Sindicato no dia 6 de maio, boa parte dos estudantes declarou apoio ao movimento, vendo aí uma possibilidade de pressionar também pela qualidade na prestação do ensino e na expansão hoje vivida pela instituição, que chega a vários municípios do interior do Estado, mas com perspectivas inferiores às vivenciadas em outros momentos na mesma instituição.

No caso do Judiciário, órgãos como Justiça do Trabalho da Primeira Instância da capital, que funciona no Fórum Astolfo Serra, no bairro da Areinha, em São Luís, bem como a sede do TRE e da Justiça Federal, todos com instalações nesse mesmo bairro, os servidores deliberaram, em assembleias realizadas na última terça, dia 13, e ratificadas em Assembleia Geral da categoria na Justiça Federal na última quinta-feira, dia 15, participar do “Apagão do Judiciário Federal e do MPU”, chamado pela Federação Nacional dos Servidores, a Fenajufe, e confirmado em vários estados – alguns deles já em greve por tempo indeterminado, como Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo. O “apagão”, paralisação de 24h nesses órgãos, é considerado pelos servidores como o primeiro passo para a construção da greve por tempo indeterminado – tanto que, após o ato que haverá nesses órgãos, eles deverão avaliar, em Assembleia Geral, a entrada na greve nacional, com vários outros estados também seguindo nessa direção. No Fórum Astolfo Serra, os servidores devem se reunir a partir das 7h30 da manhã da quarta, 21; os servidores da Justiça Federal, por volta das 8h30, e o TRE a partir das 13h desse dia.
Além desses setores, os professores da UFMA decidiram por também paralisar as atividades na quarta-feira, 21. Eles já têm, em nível nacional, indicativo de greve por tempo indeterminado para o início de junho. Na Universidade Federal, os técnicos já estão em greve há mais de um mês.
Além dos setores federais, na última sexta-feira, 16, em Assembleia, os docentes municipais decidiram, por unanimidade, também entrar em greve.
No caso do serviço público federal, a greve é uma resposta à falta de negociação por parte do Governo. Desde o início do ano o funcionalismo vem trabalhando numa perspectiva de reunir suas reivindicações, que passam pelo cumprimento da Constituição, com o estabelecimento da data-base do funcionalismo, não instituída governo após governo. Eles também requerem o cumprimento dos acordos firmados pelo governo Dilma com os setores que fizeram greve nos últimos anos, não cumpridos sob a alegação costumeira da falta de recursos. Eles consideram esse argumento inválido e, como prova, apontam os gastos com a Copa do Mundo: em janeiro, os servidores federais lançaram Campanha Salarial Unificada, sob o mote “Lutando Juntos a Gente Conquista Serviço Público Padrão Fifa”.